segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Oscar 2011

Se por um lado fiquei feliz com os 4 Oscar's para A Origem, Roteiro Adaptado para Aaron Sorkin, e os prêmios para Christian Bale e Natalie Portman, me irritei bastante com o resultado geral, com a consagração parcial (apenas 4 Oscar's, mas todos entre os principais) de O Discurso do Rei.
Não acho o filme ruim, inclusive louvo a premiação de Colin Firth, mas não representa qualquer avanço em sua estrutura simplista e narrativa sem imaginação. Digamos que seria um ótimo vencedor do Oscar nos anos 80 ou 90, mas em 2011, a Academia precisava mostrar um pouco mais de ousadia, ou demonstrar que sabe ler o momento atual, segundo qual deveria ter premiado A Origem ou Cisne Negro (mas a Academia sabidamente tem restrições quanto a esses tipos de cinema) ou A Rede Social, que revelou ao menos uma estrutura moderna e uma forma inteligente de contar uma história, além de captar o espírito do jovem do novo milênio, ou seja, todos três são mais relevantes e terão lugar mais apropriado na história.
Na categoria de Melhor Diretor, mais equivocado ainda premiar o inexpressivo Tom Hooper. Além de ficar devendo no aspecto meritório da técnica, a razão histórica também se perdeu. Ora, a Academia é uma instituição americana e perdeu a chance de sublinhar a chegada de uma nova geração de diretores, que serão os grandes expoentes da indústria cinematográfica nos próximos anos. David Fincher, Christopher Nolan (esse nem indicado foi), Darren Aronofsky, David O. Russell e acrescento outros que não fizeram filme esse ano: Paul Thomas Anderson, Quentin Tarantino, Spike Jonze, Sam Mendes, Marc Forster, entre outros, são os diretores jovens que se constituem a esperança para Hollywood. Uma geração privilegiada, só comparável à safra que surgiu no final dos 60, início dos 70 (Coppola, De Palma, Spielberg, Lucas, Malick, Scorsese, Altman, etc.), pois na maior parte do tempo, grandes cineastas surgem aos poucos.
Pois a Academia tinha a chance de destacar esse momento, mas desperdiçou, numa cerimônia que lembrou Shakespeare Apaixonado vencendo O Resgate do Soldado Ryan.
A esperança de todos os cinéfilos, entretanto, não se esgota facilmente. Como na vida, a justiça "fílmica" tarda, mas não falha. Assim como Martin Scorsese teve que aguentar perder para Rocky, O Lutador, Robert Redford e seu "Gente como a Gente" e Kevin Costner e seu "Dança com Lobos", tenho certeza que Fincher, Aronofsky e Nolan vão voltar muitas outras vezes ao quinteto de Melhor Direção no anos que virão. Quanto à Tom Hooper, não tenho a mesma certeza, sinto que ficará marcado como uma "pisada na bola" na história do Oscar. A única coisa que sei é que, se eu fosse inglês, começava a rodar um filme sobre a Princesa Diana ontem, e já podia encomendar meu Oscar.
Enfim, Oscar é assim mesmo. É igual Copa do Mundo, mesmo quando a gente não gosta da qualidade técnica (Copa 90 ou 2006? alguém?), nós sabemos que na próxima edição estaremos lá, torcendo, cornetando e apreciando.

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