quarta-feira, 30 de julho de 2008

Filmes do Verão

O verão americano é pródigo em filmes-evento, ou filmes-pipoca, com muitos efeitos especiais e função essencialmente de diversão. Eu, particularmente, gostei muito desse ano. Òtimos filmes. Resolvi fazer um pequeno resumo.


Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) de Christopher Nolan.

Batman Begins já era acima da média, dando um reset na saga do Batman e recriando uma atmosfera mais realista do mundo de Gotham. Pois, esta seqüência conseguiu ser ainda melhor, segurando firme a expectativa gerada em torno do filme. Christian Bale é um Batman atormentado com as conseqüências de seus atos de heroísmo, a justiça a qualquer custo. Aaron Eckhart é Harvey Dent, a esperança de um futuro melhor, alguém incorruptível que poderia garantir uma sociedade justa sem a necessidade de um Batman. Mas o destaque é mesmo o curinga de Heath Ledger. Ele é muito mais sádico e imprevisível que o curinga de Jack Nicholson. Ele é um anarquista que só se satisfaz em ver o caos, e provar que todos tem a alma corrupta.
História em quadrinhos com contornos de thiller policial, The Dark Knight é o melhor filme do verão americano e arrisco dizer que é o melhor filme de super-heróis já feito.

Homem de Ferro (Iron Man) de Jon Favreau.

Se Batman apostou no face sombria do heroísmo, Homem de Ferro apostou no cool. Confesso que não tinha muita familiariedade com este herói da Marvel, mas o filme de Jon Favreau conseguiu ser um dos mais divertidos e carismáticos da safra. Muito se deve a Robert Downey Jr., claro, que fez um personagem playboy ricaço, solitário e egoísta, mas com muito humor seco e carisma. Outro fator que faz o filme funcionar é a armadura, que é muito bem feita, um dos últimos trabalhos do Stan Winston. Os efeitos especiais estão realmente excelentes.
Aliás, o Tony Stark se aproxima de Bruce Wayne porque ambos não possuem super poderes, são apenas agentes servidos da tecnologia de ponta.
O elenco de apoio é bem escalado. Gwyneth Paltrow, Terrence Howard, Jeff Bridges. E a trilha sonora é pesada e envolvente.
Porém, apesar de ser um filme leve e cool, Homem de Ferro não foge de abordar assuntos sérios, sempre de maneira concisa e sutil, no que diz respeito a corrida armamentista, financiamento da guerra e obtenção de lucro acima dos valores éticos. Pode encomendar a seqüência. Aliás, a Marvel já pavimenta uma união de seus principais heróis fazendo crossovers, como Samuel L. Jackson como Nick Fury, em uma cena após os créditos.

O Incrível Hulk (The Incredible Hulk) de Louis Leterrier.

Acho que sou um dos poucos que gosta do Hulk do Ang Lee, mas depois de muita discussão, a Universal resolveu "zerar" a saga do Hulk. Felizmente, com bons resultados também.
Primeiramente, escolheu um dos melhores atores de Hollywood, Edward Norton, que de quebra ainda revisou o roteiro do filme. Liv Tyler no lugar de Jennifer Connely não comprometeu, ao contrário manteve o nível. No entanto, o Coronel Ross de Sam Elliot foi melhor desenvolvido que o de William Hurt. Já Tim Roth trouxe a sua boa bagagem de vilão, como sempre.
O resultado foi um filme com mais ação, mas que não abandonou os aspectos psicológicos inerentes a história do Hulk, como as cenas em que Bruce Banner tentar exercer o autocontrole. Com isso, o filme aproximou-se do tom do antigo seriado. Destaque também para as cenas na favela da Rocinha e outro crossover: Robert Downey Jr. como Tony Stark.


Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull) de Steven Spielberg.

Se tem uma trilogia de aventura que eu adoro é Indiana Jones. Tá marcado na minha infância. Logo, o novo capítulo esteve destacado entre os mais esperados. Só o trailer já me encheu de entusiasmo.
O início do filme foi perfeito. Trazendo exatamente aquela nostalgia gostosa dos filmes da década de 80. O chicote, o chapéu, a trilha do John Williams.
A chegada de Shia Leboeuf também funcionou, imitando a relação pai e filho que Harrison Ford forjou com Sean Connery em A Última Cruzada.
Porém, o tema principal do filme, não combinou com o espírito do filme. Na minha humilde opinião, alienígenas estão fora do universo concebido, mais apropriados para outros filmes de ficção científica, embora eu tenha começado a ver o filme com outros olhos após ler a resenha do Renato Silveira.
No final, a despeito da estranheza com o tema, o filme divertiu, emocionou e manteve um saldo positivo, apenas um degrau abaixo dos outros três filmes.

Hancock (Idem) de Peter Berg.

Will Smith é um dos atores de mais carisma hoje em atividade. A aposta, dessa vez, era grande, pois um filme de super herói antipatizado pela população, corria o sério risco de naufragar nas bilheterias. Ainda mais escolhendo-se um diretor sem grandes filmes no currículo. Mas Will Smith tem estrela e o filme foi bem sucedido. A idéia de uma sociedade em crise com a figura do super herói já tinha sido utilizada por Os Incríveis, mas dessa vez o "herói" Hancock cria um paralelo perfeito com nossas celebridades perdidas e desfocadas de seus talentos(Como Brtiney, Linday Lohan, ou mesmo Ronaldinho).

As Crônicas de Narnia: Príncipe Caspian (The Chronicles of Narnia: Prince Caspian) de Andrew Adamson.

Sou um grande fã dos livros Crônicas de Narnia, que eu li quando criança. Mas não me impressionei com a seqüência de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. Pelo contrário, acho que este filme é mais um exemplar do gênero "trailer mais legal que o filme". Em primeiro lugar, as crianças protagonistas estão cada vez mais sem carisma, com a exceção da garotinha que faz a Lucy. Em segundo lugar, é irritante a tentativa dos produtores de copiar O Senhor dos Anéis. Era preferível tentar captar o espírito dos livros de C. S. Lewis. E em terceiro, a parte final do filme acaba sendo cansativa e repetitiva, com uma batalha um tanto burocrática e sonolenta.
Não que o filme seja totalmente ruim, pois ainda tem personagens fantásticos e interessantes e um vilão muito bom, mas é decepcionante pra quem leu o livro e sempre esperou a adaptação para a telona. Vamos ver como será A Viagem do Peregrino da Alvorada, que é um livro muito bonito, imaginativo, sem batalhas e que traz apenas Lucy e Edmond, dos quatro irmãos.



Não vi:
Speed Racer
Wall-E
Kung Fu Panda
Arquivo X: Quero Acreditar
A Múmia 3

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Falando em Listas

A Entertainment Weekly lançou a lista dos 100 melhores filmes dos últimos 25 anos, ou como o Pablo Vilaça chama, "Jovens Clássicos". Abaixo vai lista, mas como toda lista já nasce contestada aqui vão algumas considerações.

  • A Lista de Schindler em primeiro lugar foi uma ótima, mas O Resgate do Soldado Ryan, Forrest Gump, Senhor dos Anéis, Coração Valente, O Pianista e Silêncio dos Inocentes deveriam estar no top ten.
  • Gostei de ver alguns título "cult", como Brilho Eterno de uma Mentes Sem Lembranças, As Confissões de Schmidt, Sideways, Os Suspeitos, Clube da Luta e Cidade de Deus. Mas foi um crime não incluir Magnolia, O Jardineiro Fiel e Filhos da Esperança.
  • O Escafandro e a Borboleta, Medo da Verdade, Onde os Fracos Não Tem Vez, Juno, Superbad, No Vale das Sombras e Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. 7 filmes do ano passado foram incluídos. Muito justo, já nascem clássicos. Porém, omitiram o melhor filme do ano passado: Sangue Negro. (esse pessoal tá de marcação com o P.T. Anderson).
  • Steven Spielberg emplacou 5 filmes na lista: Schindler, A Cor Púrpura, Ryan, Munique e Parque dos Dinossauros. Clint Eastwood, 4 filmes: Os Imperdoáveis, Sobre Meninos e Lobos, Menina de Ouro e Cartas de Iwo Jima. Scorsese, 3 filmes: Os Bons Companheiros, Os Infiltrados e Cassino. Dá pra considerar que os três são os mais importantes dos últimos 25 anos, com certeza.
  • O meu top ten seria assim:
1. A Lista de Schindler
2. Os Bons Companheiros
3. Um Sonho de Liberdade
4. Forrest Gump
5. Titanic
6. Magnólia
7. Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
8. Amadeus
9. O Resgate do Soldado Ryan
10. Coração Valente

E aí vai lista original:
  1. Schindler's List (1993, S. Spielberg)
  2. Sideways (2004, A. Payne)
  3. Do the Right Thing (1989, S. Lee)
  4. The Shawshank Redemption (1994, F. Darabont)
  5. Pulp Fiction (1994, Q. Tarantino)
  6. GoodFellas (1990, M. Scorsese)
  7. Groundhog Day (1993, H. Ramis)
  8. Titanic (1997, J. Cameron)
  9. Unforgiven (1992, C. Eastwood)
  10. The Color Purple (1985, S. Spielberg)
  11. Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004, M. Gondry)
  12. Amadeus (1984, M. Forman)
  13. The Diving Bell and the Butterfly (2007, J. Schnabel)
  14. L.A. Confidential (1997, C. Hanson)
  15. Saving Private Ryan (1998, S. Spielberg)
  16. Mystic River (2003, C. Eastwood)
  17. Forrest Gump (1994, R. Zemeckis)
  18. About Schmidt (2002, A. Payne)
  19. Platoon (1986, O. Stone)
  20. Field of Dreams (1989, P.A. Robinson)
  21. Glengarry Glen Ross (1992, J. Foley)
  22. Rain Man (1988, B. Levinson)
  23. The Squid and the Whale (2005, N. Baumbach)
  24. The Killing Fields (1984, R. Joffe)
  25. The Thin Blue Line (1989, E. Morris)
  26. The Player (1992, R. Altman)
  27. There's Something About Mary (1998, B. Farrelly/P. Farrelly)
  28. The Usual Suspects (1995, B. Singer)
  29. The Lord of the Rings (2001-2003, P. Jackson)
  30. Back to the Future (1985, R. Zemeckis)
  31. Lost in Translation (2003, S. Coppola)
  32. Gone Baby Gone (2007, B. Affleck)
  33. House of Sand and Fog (2003, V. Perelman)
  34. Toy Story (1995, J. Lasseter)
  35. Million Dollar Baby (2004, C. Eastwood)
  36. Goodbye, Lenin! (2003, W. Becker)
  37. The Truman Show (1998, P. Weir)
  38. Traffic (2000, S. Soderbergh)
  39. Glory (1989, E. Zwick)
  40. American Beauty (1999, S. Mendes)
  41. The Departed (2006, M. Scorsese)
  42. The Apostle (1997, R. Duvall)
  43. Braveheart (1995, M. Gibson)
  44. Juno (2007, J. Reitman)
  45. Tsotsi (2005, G. Hood)
  46. Broadcast News (1987, J.L. Brooks)
  47. The Pianist (2002, R. Polanski)
  48. Fatal Attraction (1987, A. Lyne)
  49. Beauty and the Beast (1991, G. Trousdale/K. Wise)
  50. Sense and Sensibility (1995, A. Lee)
  51. Ray (2004, T. Hackford)
  52. Pleasantville (1998, G. Ross)
  53. The Silence of the Lambs (1991, J. Demme)
  54. Jurassic Park (1993, S. Spielberg)
  55. The Big Lebowski (1998, J. Coen)
  56. The Sea Inside (2004, A. Amenabar)
  57. Crash (2005, P. Haggis)
  58. Dogville (2003, L. Von Trier)
  59. The Fugitive (1993, A. Davis)
  60. No Country for Old Men (2007, E. Coen/J. Coen)
  61. Die Hard (1988, J. McTiernan)
  62. Wall Street (1987, O. Stone)
  63. Casino (1995, M. Scorsese)
  64. Fahrenheit 9/11 (2004, M. Moore)
  65. Witness (1985, P. Weir)
  66. United 93 (2006, P. Greengrass)
  67. Election (1999, A. Payne)
  68. Letters from Iwo Jima (2006, C. Eastwood)
  69. Far from Heaven (2002, T. Haynes)
  70. A Beautiful Mind (2001, R. Howard)
  71. The Passion of the Christ (2004, M. Gibson)
  72. Superbad (2007, G. Mottola)
  73. Thirteen (2003, C. Hardwicke)
  74. Before Sunset (2004, R. Linklater)
  75. Talk to Her (2002, P. Almodovar)
  76. The March of the Penguins (2005, L. Jacquet)
  77. Hoop Dreams (1994, S. James)
  78. Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit of Glorious Nation of Kazakhstan (2006, L. Charles)
  79. A Bronx Tale (1993, R. De Niro)
  80. Fargo (1996, J. Coen)
  81. Fight Club (1999, D. Fincher)
  82. Y Tu Mama Tambien (2001, A. Cuaron)
  83. Apollo 13 (1995, R. Howard)
  84. In America (2003, J. Sheridan)
  85. Mrs. Doubtfire (1993, C. Columbus)
  86. Elephant (2003, G. Van Sant)
  87. Home Alone (1990, C. Columbus)
  88. Cinderella Man (2005, R. Howard)
  89. Munich (2005, S. Spielberg)
  90. Jesus Camp (2006, H. Ewing/R. Grady)
  91. Boogie Nights (1997, P.T. Anderson)
  92. In the Valley of Elah (2007, P. Haggis)
  93. The Virgin Suicides (1999, S. Coppola)
  94. City of God (2002, F. Meirelles)
  95. Lone Star (1996, J. Sayles)
  96. The Lion King (1994, R. Allers/R. Minkoff)
  97. Gladiator (2000, R. Scott)
  98. Se7en (1995, D. Fincher)
  99. Amores Perros (2000, A.G. Inarritu)
  100. Before the Devil Knows You're Dead (2007, S. Lumet)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

As Listas da AFI

Como eu sou fã de listas, vou publicar aqui as listas de filmes da AFI que são bem interessantes. Não vi todos os filmes, lógico. Mas já penso em compilar uma nova lista (já tenho tantas).

Minhas observações nos rodapés:
Sorriso de satisfação: para os filmes que gostei de ver entre os dez
Ausência sentida: para os filmes que lamentei não terem sido incluídos.
Ahn??: para os filmes que me surpreenderam por aparecerem na lista.

Animação:
1. A Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and the Seven Dwarfs, 1937).
2. Pinóquio (Pinocchio, 1940).
3. Bambi (Idem, 1942).
4. O Rei Leão (The Lion King, 1994).
5. Fantasia (Idem, 1940).
6. Toy Story (Idem, 1995).
7. A Bela e a Fera (The Beauty and the Beast, 1991).
8. Shrek (Idem, 2001).
9. Cinderela (Idem, 1950).
10. Procurando Nemo (Finding Nemo, 2003).
Sorriso de satisfação: O Rei Leão e Procurando Nemo.
Ausência sentida: Alice no País das Maravilhas, Gigante de Ferro, Ratatouille e Os Incríveis.
Ahn??: Bambi (fala sério).
Observação: 9 filmes da Disney, sendo 2 em parceria com a Pixar.

Comédias Românticas:
1. Luzes da Cidade (City Lights, 1931) de Charles Chaplin.
2. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977) de Woody Allen.
3. Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night, 1934) de Frank Capra.
4. A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, 1953) de William Wyler.
5. Núpcias de um Escândalo (The Philadelphia Story, 1940) de George Cukor.
6. Harry e Sally - Feitos um pro Outro (When Harry Met Sally, 1989) de Rob Reiner.
7. A Costela de Adão (Adam´s Rib, 1949) de George Cukor.
8. Feitiço da Lua (Moonstruck, 1987) de Norman Jewison.
9. Ensina-me a Viver (Harold and Maud, 1971) de Hal Ashby.
10. Sintonia de Amor (Sleepless in Seattle, 1993) de Nora Ephron.
Sorriso no Rosto: Sintonia de Amor.
Ausência sentida: Antes do Amanhecer e A Primeira Noite de um Homem.
Ahn??: Ensina-me a Viver.
Observações: Poucos filmes contemporâneos, um tanto por insistirem em repetir uma fórmula já desgastada.

Westerns:
1. Rastros de Ódio (The Searchers, 1956) de John Ford.
2. Matar ou Morrer (High Noon, 1952) de Fred Zinnemann.
3. Os Brutos Também Amam (Shane, 1953) de George Stevens.
4. Os Imperdoáveis (Unforgiven, 1992) de Clint Eastwood.
5. Rio Vermelho (Red River, 1948) de Howard Hawks.
6. Meu Ódio Será Tua Herança (The Dirty Dozen, 1969) de Sam Peckinpah.
7. Butch Cassidy (Butch Cassidy and Sundance Kid, 1969) de George Roy Hill.
8. Quando os Homens São Homens (McCabe and Mrs. Miller, 1971) de Robert Altman.
9. No Tempo das Diligências (Stagecoach, 1939) de John Ford.
10. Dívida de Sangue (Cat Ballou, 1965) de Elliot Silverstein.
Sorriso no rosto: Butch Cassidy e Os Imperdoáveis.
Ausência sentida: Onde os Fracos Não Tem Vez, Sete Homens e um Destino e Três Homens e um Conflito.
Ahn??: Dívida de Sangue.
Observações: Muitos filmes clássicos emblemáticos. Acho que a concorrência foi a mais apertada nessa categoria.

Esporte:
1. Touro Indomável (Raging Bull, 1980) de Martin Scorsese.
2. Rocky, um Lutador (Rocky, 1977) de John G. Avildsen.
3. Ídolo, Amante e Herói (The Pride of Yankees, 1942) de Sam Wood.
4. Momentos Decisivos (Hoosiers, 1986) de David Anspaugh.
5. Sorte no Amor (Bull Dulham, 1988) de Ron Shelton.
6. Desafio à Corrupção (The Hustler, 1961) de Robert Rossen.
7. Clube dos Pilantras (Caddyshack, 1980) de Harold Ramis.
8. Correndo pela Vitória (Breaking Away, 1979) de Peter Yates.
9. A Mocidade É Assim Mesmo (National Velvet, 1944) de Clarence Brown.
10. Jerry Maguire - A Grande Virada (Jerry Maguire) de Cameron Crowe.
Sorriso no rosto: Touro Indomável e Jerry Maguire.
Ausência sentida: Menina de Ouro e Carruagens de Fogo.
Ahn??: Momentos Decisivos (um porre), Ídolo, Amante e Herói (que título é esse?)
Observações: Filmes de esporte são complicados. É muito fácil cair no cliché. Penso que os filmes escolhidos devem ter o esporte como pano de fundo e discorrer sobre outros temas nas suas histórias.

Mistério:
1. Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958) de Alfred Hitchcock.
2. Chinatown (Idem, 1974) de Roman Polanski.
3. Janela Indiscreta (Rear Window, 1954) de Alfred Hitchcock.
4. Laura (Idem, 1944) de Otto Prominger.
5. Relíquia Macabra (The Maltese Falcon, 1941) de John Huston.
6. O Terceiro Homem (The Third Man, 1949) de Carol Reed.
7. Intriga Internacional (North by Northwest, 1949) de Alfred Hitchcock.
8. Veludo Azul (Blue Velvet, 1986) de David Lynch.
9. Disque M para Matar (Dial M for Muder, 1954) de Alfred Hitchcok.
10. Os Suspeitos (The Usual Suspects, 1995) de Bryan Singer.
Sorriso no rosto: Um Corpo que Cai, Chinatown, Janela Indiscreta, Veludo Azul, Os Suspeitos (caramba! foi a lista que eu mais gostei)
Ausência sentida: Seven, Silêncio dos Inocentes, O Sexto Sentido, O Grande Truque, Clube da Luta e Psicose (não ia ter vaga pra todos mesmo)
Ahnn??: nenhum.
Observações: Hitchcock dominou a categoria. Não é a toa que ele foi o Mestre do Suspense.

Fantasia:
1. O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939) de Victor Fleming.
2. O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring, 2001) de Peter Jackson.
3. Felicidade Não se Compra (It´s a Wonderful Life, 1947) de Frank Capra.
4. King Kong (Idem, 1933) de Marion C. Cooper e Ernest B. Schoedsack.
5. Milagre na Rua 34 (Miracle of 34th Street, 1947) de George Seaton.
6. Campo dos Sonhos (Field of Dreams, 1989) de Phil Alden Robinson.
7. Meu Amigo Harvey (Harvey, 1950) de Henry Koster.
8. Feitiço no Tempo (Groundhog Day, 1993) de Harold Ramis.
9. O Ladrão de Bagdá (The Thief of Baghdah, 1924) de Raoul Walsh.
10. Quero Ser Grande (Big, 1988) de Penny Marshall.
Sorriso no rosto: O Mágico de Oz, Senhor dos Anéis, Felicidade Não se Compra, Feitiço no Tempo e Quero Ser Grande.
Ausência Sentida: A Fantástica Fábrica de Chocolate, Mary Poppins, A Vida em Preto e Branco, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Forrest Gump, Goonies, Quero Ser John Malkovich e Edward Mãos de Tesoura (assim não tem top ten que dê jeito hein).
Ahnn??: Milagre na Rua 34.
Observações: Outra lista formidável. Esse é um gênero que mexe realmente comigo.

Ficção Científica:
1. 2001 - Uma Odisséia no Espaço (2001 - A Space Odissey, 1968) de Stanley Kubrick.
2. Guerra nas Estrelas (Star Wars, 1977) de George Lucas.
3. E. T. - O Extraterrestre (E. T. - The Extraterrestrial, 1982) de Steven Spielberg.
4. Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971) de Stanley Kubrick.
5. O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still, 1951) de Robert Wise.
6. Blade Runner - O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982) de Ridley Scott.
7. Alien - O Oitavo Passageiro (Alien, 1979) de Ridley Scott.
8. O Exterminador do Futuro 2 (Terminator 2) de James Cameron.
9. Vampiro de Almas (The Invasion of Body Snatchers, 1956) de Don Siegel.
10. De Volta para o Futuro (Back to the Future, 1985) de Robert Zemeckis.
Sorriso no rosto: Guerra nas Estrelas, E. T., Blade Runner, Alien, Terminator e De Volta para o Futuro.
Ausência sentida: Filhos da Esperança, Matrix, Donnie Darko, 12 Macacos e Planeta dos Macacos.
Ahn??: nenhum.
Observações: Spielberg, Kubrick e Scott emplacaram dois filmes cada na lista. Como Spielberg é produtor executivo de De Volta para o Futuro fica com o título simbólico.

Gangster:
1. O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972) de Francis Ford Coppola.
2. Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990) de Martin Scorsese.
3. O Poderoso Chefão II (The Godfather II, 1974) de Francis Ford Coppola.
4. Fúria Sanguinária (White Heart, 1949) de Raoul Walsh.
5. Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas (Bonnie & Clyde, 1967) de Arthur Penn.
6. Scarface: A Vergonha de uma Nação (Scarface: The Shame of a Nation, 1932) de John Huston.
7. Tempo de Violência (Pulp Fiction, 1994) de Quentin Tarantino.
8. Inimigo Público (The Public Enemy, 1931) de William Wellman.
9. Alma no Lodo (Little Caesar, 1930) de Mervyn Leroy.
10. Scarface (Idem, 1983) de Brian De Palma.
Sorriso no rosto: O Poderoso Chefão, Os Bons Companheiros, Scarface, Pulp Fiction.
Ausência sentida: Fogo Contra Fogo, Os Intocáveis, Os Infiltrados.
Ahn??: nenhum.
Observações: Única categoria que teve o filme original e a seqüência presentes na lista (O Poderoso Chefão).

Drama de Tribunal:
1. O Sol É para Todos (To Kill a Mockinbird, 1962) de Robert Mulligan.
2. 12 Homens e Uma Sentença (12 Angry Men, 1957) de Sidney Lumet.
3. Kramer Vs. Kramer (Idem, 1979) de Robert Benton.
4. O Veredito (Verdict, 1982) de Sidney Lumet.
5. Questão de Honra (A Few Good Men, 1992) de Rob Reiner.
6. Testemunha de Acusação (Witness for Prosecution, 1957) de Billy Wilder.
7. Anatomia de um Crime ( Anatomy of a Murder, 1959) de Otto Prominger.
8. A Sangue Frio (In Cold Blood, 1967) de Richard Brooks.
9. Um Grito no Escuro (A Cry in the Dark, 1988) de Fred Schepisi.
10. Julgamento em Nuremberg (Judgment at Nuremberg, 1961) de Stanley Kramer.
Sorriso no rosto: 12 Homens e uma Sentença, O Veredito, Questão de Honra, Testemunha de Acusação.
Ausência sentida: Acusados.
Ahn??: Kramer Vs. Kramer.
Observações: Grandes filmes. A maioria baseado em best sellers.


Épico:
1. Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962) de David Lean.
2. Ben-Hur (Idem, 1959) de William Wyler.
3. A Lista de Schindler (Schindler´s List, 1933) de Steven Spielberg.
4. E o Vento Levou (Gone with the Wind, 1939) de Victor Fleming.
5. Spartacus (Idem, 1960) de Stanley Kubrick.
6. Titanic (Idem, 1997) de James Cameron.
7. Sem Novidades no Front (All Quiet on the Western Front, 1930) de Lewis Milestone.
8. O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998) de Steven Spielberg.
9. Reds (Idem, 1981) de Warren Beatty.
10. Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments, 1956) de Cecil B. DeMille.
Sorriso no rosto: Ben-Hur, Schindler, Spartacus, Titanic, Ryan, 10 Mandamentos.
Ausência sentida: Apocalypse Now, Coração Valente, Platoon, Nascido para Matar, Os Caçadores da Arca Perdida, Hotel Rwanda, Sangue Negro, O Pianista.
Ahn??: nenhum.
Observações:Charlton Heston aparece duas vezes. Seu nome é o mais associado a épicos de todos.

Estatística:
entre as décadas:
20 - 01
30 - 11
40 - 14
50 - 17
60 - 11
70 - 12
80 - 16
90 - 15
00 - 03

entre os diretores:
Alfred Hitchcock - 04
Stanley Kubrick - 03
Steven Spielberg - 03
Francis Ford Coppola - 02
Frank Capra - 02
George Cukor - 02
Harold Ramis - 02
James Cameron - 02
John Ford - 02
John Huston - 02
Martin Scorsese - 02
Otto Prominger - 02
Raoul Walsh - 02
Ridley Scott - 02
Rob Reiner - 02
Sidney Lumet - 02
Victor Fleming - 02
William Wyler - 02

domingo, 27 de abril de 2008

Um Jogo de Xadrez

Lost S04E09 - The Shape of Things to Come
(alerta de spoilers)

Um episódio excelente! Intenso, movimentado e surpreendente. Respondeu algumas perguntas e formulou outras, mexendo com nossa cabeça no melhor estilo Lost. Por fim, um episódio com muita ação mas trazendo também um combate estratégico. Benjamin Linus é o personagem em destaque, o mais interessante.

Lost é a melhor série de todos os tempos sem dúvida!

Destaques do episódio:
  • O corpo do médico chegou à ilha, mas no cargueiro dizem que o médico está bem. Será mais uma evidência da diferença do tempo fora da ilha?
  • A turma do Locke jogando War. Hurley diz: "A Austrália é o ponto-chave do jogo". Será uma referência a algo da série?
  • O pessoal do cargueiro (leia-se Widmore) chegando pra arrebentar quem estiver pela frente. Foram eles os responsáveis pela morte de Rosseau e Karl. Sawyer foi o herói do dia, arriscando-se para salvar Claire.
  • A morte de Alex foi o momento mais surpreendente. Até mesmo para Ben que não imaginou que Keamy iria fazer isso. "Ele mudou a regra do jogo", uma frase que iria ser repetida no final do episódio. Além disso, foi a primeira vez em Lost que vimos um Ben visivelmente abatido.
  • Aliás, talvez a coisa mais surpreendente tenha sido a sala secreta de Ben, que resultou não sei bem como, em mais uma manifestação do monstro fumaça negra. A mais louca e destrutiva que já vimos, diga-se de passagem. Será que Ben controla a fumaça? Isso foi uma resposta à mudança de regras?
  • Quando Ben abriu o guarda-roupa para uma passagem secreta, só uma coisa veio à minha cabeça: Nárnia.
  • No flashforward, Ben aparece no deserto do Saara com o uniforme da Dharma. Primeiro vemos sua agilidade e destreza ao derrubar dois beduínos. Depois, vemos que ele não tinha certeza quanto à data e que já era um cliente preferencial no hotel na Tunísia, sob o nome Dean Moriarty. Provavelmente, uma viagem no tempo. Mas me pareceu bem diferente das viagens de Desmond. Além disso, lembrou o urso polar encontrado pela Charlotte no episódio Confirmed Dead, num cenário muito parecido com aquele.
  • Sayid encontrou Nadia depois que saiu da ilha. Casou com ela e, fatalmente, foi assassinada por um capanga de Widmore (será?). Ben usou o ódio e o desejo de vingança de Sayid para recrutá-lo como o matador que já vimos em O Economista. Pelo sorrisinho de Ben, dá pra desconfiar que Ben armou alguma coisa.
  • Por fim, o momento crucial no episódio: o encontro de Ben e Widmore. Confesso que não esperava que isso acontecesse tão cedo. Ficou claro que os dois já se conheciam de longa data e agiam sob um código, que Widmore traiu. Um embate de alto nível que nos leva a um jogo de xadrez, com adversários altamente estratégicos. Quem é vilão e mocinho? Ou será dois vilões? Não sabemos responder, mas é um confronte fascinante, sem sombra de dúvida.
  • Widmore não sabe como encontrar a ilha. "Minha ilha", conforme ele. Mas continuará a buscá-la com todas as suas forças. Em contrapartida, Ben promete matar Penelope, em vingança pela morte de Alex. Essa é a forma das coisas que virão. Um episódio que transformou nossa percepção sobre esse confronto. Um divisor de águas nesta série brilhante, que nos impressiona a cada episódio.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O Homem do Óleo


Sangue Negro (There Will Be Blood, USA 2007) de Paul Thomas Anderson.

O jovem diretor Paul Thomas Anderson já havia me impressionado com Magnólia, em 1999, um dos filmes mais fascinantes que já vi, em estrutura, simbolismos e construção de personagens. Só por esse motivo, qualquer trabalho assinado por ele já merece uma expectativa mais forte. Com Sangue Negro, P. T. Anderson não só realiza outra obra fantástica, tão diferente de Magnolia ou seus outros filmes, como criou um clássico instantâneo.

Sangue Negro é baseado de Upton Sinclair, chamado Oil!, situado na California dos início do século XX, numa paisagem ainda bulcólica, quando a indústria norte-americana ainda ensaiava seus primeiros passos. Nesse contexto, o petróleo era a riqueza do momento, o ouro negro que tornava um homem milionário a cada mina encontrada.

Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) era um desses homens que dedicavam a sua vida em escavações, explorando o subsolo em busca do ouro negro. Daniel é um empreendedor incansável, rude e calculista, obcecado em ampliar seus domínios. Em sua busca pelo poder, Daniel não se apega a ninguém, tratando seus empregados como meros recursos do negócio. É um estranho até para seu próprio filho, a quem chama pelas iniciais (H. W.)

Quando Daniel Plainview chega numa região de ranchos ricos em petróleo, passa a manipular e explorar a tudo e todos, passando a ser um dos mais proeminentes "Homem do Óleo" do país, construindo um império cada vez maior. Proporcionalmente, sua alienação e isolamento também vão mergulhando em sombras a sua personalidade.

Em contraponto, há o pregador Eli Sunday, tão manipulativo e obcecado pelo poder quanto Plainview, mas ao invés de se ocupar da exploração de solos, o faz com fiéis, fazendo da religião um verdadeiro palanque para manter os moradores sob controle. Nesse sentido, Plainview e Sunday são antagonistas dentro de um mesmo prisma. São sanguessugas insaciáveis, com a mesma cobiça, mas alimentando-se de fontes diferentes: o poderio econômico e a fé, ecoando em nossos tempos, em que homens ainda valem-se desses fortes instrumentos de subjugação das massas.

O relacionamento pai e filho é um dos pontos-chave do filme, uma vez que H. W. parece ser a única pessoa com quem Daniel Plainview se importa. Porém, sua relação é fria e sem afeto e quando colocada à prova, sempre demonstra o egoísmo e falta de sensibilidade humana de Plainview, principalmente no momento em que o menino mais precisa, após um acidente na viga, quando ele perde a audição.

Outro personagem importante é seu suposto irmão, quando aparentemente Daniel encontra cumplicidade e companheirismo, mas como sempre sua faceta intransigente e rude encerra de forma cruel, mostrando que jamais descuida de seus próprios interesses.

Sangue Negro, em toda sua magnitude, coloca-se no patamar de grandes épicos do passado, com uma interpretação inesquecível de Daniel Day-Lewis, pertubador e obstinado, como muitos homens que enriqueceram sem evoluir como pessoa, homens que puderam ganhar o mundo, mas que perderam sua alma. Sua expressão fechada e seu olhar perspicaz ganham a tela, permitindo que, embora passemos a odiá-lo como pessoa, não consigamos desviar a atenção dele. Sua composição é tão eficaz que os primeiros 15 minutos do filme não há uma fala sequer, mas você simplesmente é fisgado pela obstinação do personagem. É facilmente um dos melhores trabalhos de um ator.

A trilha sonora inquieta e às vezes irritante também é um trunfo no filme. Johhny Greenwood é guitarrista da banda Radiohead e surpreendeu com acordes nada comuns e toques bem percussivos. A fotografia também é digna de nota, explorando a paisagem dos ranchos e as construções rudimentares na primeira era industrial.

Por fim, a alienação moral e o vazio existencial de Plainview nos impacta no último ato, enquanto envelhecido e enclausurado numa mansão que simboliza o império que ele ergueu, sem contudo, ser capaz de crescer como ser humano e ajudar o próximo. As cenas finais com H. W. e depois com Eli Sunday são emblemáticas, demonstrando um homem amargurado descendo degrau após degrau diante de tenebrosas sombras de ódio e iniqüidade.

Dessa forma, Sangue Negro forma com Onde os Fracos Não Tem Vez uma dupla de filmes que disseca o lado maldoso da humanidade, a alma cruel do homem, e se completam nesse sentido, além de coincidir o primor com que foram realizados, o que explica terem sido destaques na temporada de premiações. Talvez o espectador médio sinta falta de uma redenção, mas são histórias cruas que impressionam e levam a uma reflexão a respeito de como o ser humano pode descer tão fundo no espectro do mal, o lado negro da força. Quando isso é exposto, podemos decidir mais firmemente avançar em caminhos de virtude para disseminar o bem.

Citações:
  • Plainview: Você é um homem zangado, Henry?
  • Henry: Como assim?
  • Plainview: Você sente inveja?
  • Henry: Acho que não.
  • Plainview: Há uma competição dentro de mim. Eu não gosto que ninguém mais seja bem sucedido. Eu odeio a maioria das pessoas.
  • Henry: Isso foi perdido em mim... trabalhar sem sucesso... todas as minhas falhas me deixaram... eu não ligo mais.
  • Plainview: Bem, se está em mim, está em você. Há momentos em que eu olho pras pessoas e não vejo nada de valor. Quero ganhar dinheiro suficiente para fugir de todos.
  • Henry: E o que você vai fazer com seu garoto?
  • Plainview: Eu não sei. Talvez isso mude. O som pode voltar? Eu não sei. Ninguém sabe. Um médico talvez saiba.
  • Henry: Onde está a mãe dele?
  • Plainview: Não quero falar sobre essas coisas. Eu vejo o pior nas pessoas. Eu construí meu ódio ao longo dos anos, pouco a pouco. Henry, ter você aqui me dá um novo fôlego. Não consigo continuar fazendo isso com essas... pessoas.
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  • Eli Sunday: Temos um pecador aqui que deseja salvação. Daniel, você é um pecador?
  • Plainview: Sim.
  • Sunday: O Senhor não pode ouvi-lo. Diga pra Ele. Vá em frente e diga.
  • Plainview: Sim.
  • Sunday: Ajoelhe-se e olhe para cima. Olhe para os céus e diga.
  • Plainview: O que você quer que eu diga?
  • Sunday: Daniel, você chegou aqui trazendo muitos bens e riquezas. Mas você também trouxe seus maus hábitos como um apóstata. Você prostituiu-se com mulheres e você abandonou seu filho. A criança que você criou, você o abandonou tudo porque ele ficou doente e você pecou. Então você precisa dizer: eu sou um pecador.
  • Plainview: Eu sou um pecador.
  • Sunday: Mais alto!
  • Plainview: Eu sou um pecador!
  • Sunday: Me perdoa, Senhor!
  • Plainview: Me perdoa, Senhor!
  • Sunday: Eu quero o sangue!
  • Plainview: Eu quero o sangue!
  • Sunday: Eu nunca vou deixar a fé!
  • Plainview: Eu nunca vou deixar a fé!
  • Sunday: Eu estava perdido, mas fui achado.
  • Plainview: Eu estava perdido, mas fui achado.
  • Sunday: Eu abandonei meu filho.
  • silêncio...
  • Sunday: Vamos, Daniel. Diga alto.
  • Plainview: Eu bandonei meu filho! Eu abandonei meu filho! Eu abandonei meu garoto!
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  • Tilford: Como está seu garoto?
  • Plainview: Obrigado por perguntar.
  • Tilford: Há alguma coisa que podemos fazer?
  • Plainview: "Obrigado por perguntar" é suficiente.
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  • Sunday: Daniel, estou perguntando se você gostaria de fazer negócio com a Igreja da Terceira Revelação a respeito do terreno do jovem Brady. Estou oferecendo a você uma das maiores terras não exploradas de Little Boston.
  • Plainview: Eu adoraria trabalhar com você.
  • Sunday: Sério? Sim, claro. Maravilhoso.
  • Plainview: Mas há uma condição pra isso.
  • Sunday: Tudo bem.
  • Plainview: Eu gostaria que você me dissesse que você é um falso profeta. Que você é e sempre foi um falso profeta. E Deus é a sua superstição.
  • Sunday: Mas isso é mentira. É uma mentira... eu não posso dizer isso... (longa pausa). Quando você quer começar a cavar?
  • Plainview: Imediatamente.
  • Sunday: Quando tempo demora para fazer o poço?
  • Plainview: Será muito rápido.
  • Sunday: Eu gostaria de um bônus de cem milhões de dólares mais.
  • Plainview: Justo.
  • Sunday: Eu sou um falso profeta e Deus é minha superstição. Se é nisso que você acredita, então eu digo.
  • Plainview: Diga com convicção.
  • Sunday: Daniel...
  • Plainview: Diga como se estivesse pregando.
  • Sunday: Isso é uma tolice. (pausa). Eu sou um falso profeta e Deus é minha superstição! Eu sou um falso profeta e Deus é minha superstição! (pausa)... Tá bom agora?
  • Plainview: Aquelas áreas já foram perfuradas.
  • Sunday: O quê?
  • Plainview: Já foram perfuradas.
  • Sunday: Não, não foram.
  • Plainview: Isso se chama drenagem. Eu possuo todas as terras ao redor, então eu pego tudo debaixo da terra.
  • Sunday: Mas não há vigas lá. É a área do Bandy. Entende?
  • Plainview: Você entende? Eu bebo sua água, Eli. Eu bebo tudo, todos os dias. Eu bebo o sangue do cordeiro da área do Bandy. Drenagem! Drenagem! Eli, meu garoto, eu sinto muito. Aqui, se você tem um milk shake e eu tenho um milk shake e eu tenho um canudo. Aqui está, um canudo, está vendo? Olha aqui. Meu canudo alcança por baixo do chão e começa a sugar o seu milk shake. Eu... bebo... seu milk shake! (sugando)... Eu bebo tudo!
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sábado, 22 de março de 2008

Pensamentos Suicidas

Lost S04E08 - Meet Kevin Johnson.

(alerta de spoilers)



Ótimo episódio do Michael, em que pudemos saber como ele se tornou Kevin Johnson, o infiltrado do Ben no cargueiro. Uma missão em busca de redenção, em que Michael tenta de forma desesperada mudar o conceito que seu filho moldou a seu respeito, em um momento que sua vida está um caos e ele deseja a morte. E mais, a sua missão no cargueiro vai muito além de sabotar a viagem. Ele terá que matar todos os tripulantes.

Vamos às considerações:

  • Bem que podiam ter abordado a chegada de Michael e Walt em New York, para sabermos melhor o que aconteceu. Ainda permaneceu uma dúvida. Como Michael chegou no continente, entregou seu filho para a mãe, deprimiu-se e infiltrou-se no cargueiro atracado em Fidji, tudo isso em um espaço de poucas semanas, pois um mês depois de Michael sair da ilha, o cargueiro já estava em alto-mar, com Naomi pulando de pára-queda e tudo mais.
  • Quem diria que o Mr. Friendly jogava no outro time... Surpreendente essa nova faceta dele, que era um dos mais temidos entre os Outros;
  • Nas palavras de Tom, a ilha impede o suicídio de quem tenta. Michael não conseguiu, tanto como vimos no season finale da 3a. temporada, com Jack. Sinistro, hein...
  • E a bomba? Não estava esperando que ela estourasse, uma vez que o cargueiro estava inteirinho no futuro, mas sei lá, pensei que algum fenômeno eletromagnético aconteceria. Ao invés disso, tivemos uma brincadeirinha do Ben;
  • Agora uma nova versão sobre o falso Oceanic 815: obra de Charles Widmore, com provas bem precisas inclusive;
  • Duas coisas me incomodaram nesse episódio: 1) Sayid se precipitando, ao entregar Michael para o Capitão. Logo ele, sempre tão perspicaz. Como pode ele confiar tão prontamente no Cap. Gault? 2) Rosseau caindo na armadilha de Ben. Logo ela, que passou 16 anos sobrevivendo, se prevenindo contra a manipulação sagaz do Ben. Será que ficou tão vulnerável, ao encontrar a filha?
  • Curiosidade em nível máximo sobre o tal santuário onde os outros Outros se refugiaram...
  • A quarta temporada parece definir o arco principal: Benjamin Linus X Charles Widmore! Em quem confiar? Locke e Michael escolheram Ben. Sayid parece estar com o Capitão do cargueiro do Widmore. E que concessões os Oceanic Six fizeram para sair da ilha? O que esperar? São essas as perguntas que vão nos assombrar nesse um mês sem Lost!

sexta-feira, 21 de março de 2008

A Felicidade Só É Real Quando Compartilhada


Na Natureza Selvagem (Into the Wild, USA 2007) de Sean Penn.


Depois de se formar, todo jovem recebe a carga de decidir o que quer da vida e se tornar adulto definitivamente. Essa passagem assustadora da vida não parecia afetar o jovem Christopher McCandless, personagem real, interpretado por Emile Hirsch. Christopher era o típico bom moço. Boas notas, boa vida, bom filho. Mas vendo a vida matrimonial decadente de seus pais, a vida vazia do cotidiano urbano, toma uma decisão surpreendente: abandonar tudo e todos para viver no ostracismo, em contato com a natureza e os livros.
Ao longo da jornada de Alexander Supertramp (o novo nome adotado por ele), percebemos o quanto ele avança em busca do conhecimento de si mesmo, da reconciliação com a natureza e a fuga do modelo de vida ocidental. Porém, vemos que seus breves contatos com as pessoas que conhece pelo caminho, nunca são cultivados a fundo, pois Supertramp se nega a dar valor aos relacionamentos.
Com uma interpretação intensa, Emile Hirsch evolui em sua carreira como um ator de método e identificação total com seu papel. Tanto nas cenas em que segura o filme sozinho, quanto naquelas em que contracena com outros atores, sempre revelando um personagem que se afeiçoa por um estilo de vida, mas é incapaz de se apegar a outros seres humanos, por mais que haja respeito e carinho entre eles, mesmo que essas pessoas nutram sinceros sentimentos de afetos por ele. Porém, é na parte final do filme que Emile Hirsch se transforma e demonstra ser um ator muito mais completo que seus filmes anteriores poderiam sugerir, mérito que pode ser dividido com Sean Penn, que mostra-se como um ótimo diretor de atores.
Isso porque os coadjuvantes marcam o filme com performances igualmente competentes, começando pelos pais de Christopher, William Hurt e Marcia Gay Harden, na tela, que com pouco tempo na tela, exibem dor e sentimento de culpa. Jena Malone, cuidando mais do ofício de narradora. Catherine Keener, uma hippie que faz o estilo mãezona para "Alex" e um pouco ressentida com o fato de não ver os laços, quando ele sempre finda por afastar-se. Kristen Stewart, o único relacionamento com uma garota de Alex, também longe de ser desenvolvido e alimentado, acaba frustrado pela fuga do protagonista. E, por fim, Hal Holbrook, o velhinho solitário, que talvez é quem mais evidencia essa falha em Alex Supertramp. Em suas conversas sobre amizade, Deus e a natureza, os dois se afiam e compartilham a vida, mas é com uma tristeza singular nos olhos de Holbrook que percebemos na despedida, uma conversa inacabada, seu desejo de cultivar mais aquela amizade, enquanto mais uma vez Supertramp obstina-se em isolar-se para o seu mundinho de aventuras, solitude e natureza.
A vida de Christopher McCandless, ou Alex Supertramp é uma bela lição para todos nós, que somos sugados pela rotina e pelo compromisso de assumir coisas, ser mais um soldadinho de chumbo nessas esteira de produção que muitas vezes, nos impede de apreciar a vida. Porém, sua experiência também nos move a valorizar nossos relacionamentos interpessoais. Afinal, a vida deve ser compartilhada e não devemos nos olvidar de nossa natureza gregária, que somos membros uns dos outros e nessa vida, a interação com o próximo é o que torna significativa nossa passagem pela terra, quando marcamos positivamente a vida de outros iguais a nós. Christopher McCandless tentou fugir disso, mas mesmo em sua reclusão e isolamento, marcou a vida de todos que passaram por ele e hoje, graças a este filme brilhante, marca nossa vida também.

All We Need Is Love


Across the Universe (Idem, USA 2007) de Julie Taymor.

Como nunca ninguém tinha pensado nisso? Um musical com canções dos Beatles! É uma ótima idéia realmente. Os Beatles são a banda de maior impacto e influência do último século, fizeram músicas sobre amor, sobre guerra e paz, sobre experiências psicodélicas, ou seja, uma porção de temas que dão suporte a uma boa história de amor nos anos 60.
Os fãs de Beatles irão adorar o filme. Referências por toda parte, somos conectados àquele tempo de inocência e rebeldia. Podemos enxergar Jimmi Hendrixx, Janis Joplins e se deliciar com detalhes peculiares daquela época. Até os nomes dos personagens nos remetem às canções (Jude, Lucy, Prudence, Sadie), o que às vezes já nos antecipa que tais músicas serão ouvidas.
O visual é maravilhoso, um dos pontos altos do filme, juntamente com as interpretações das músicas, em especial I Want You (She's So Heavy), Come Together (com Joe Cocker), I Am the Walrus (com Bono Vox) e With a Little Help from My Friends, com algumas um tanto forçadas, como a conotação homossexual em I Wanna Hold Your Hand. Mas talvez a analogia mais feliz foi em Strawberry Fields Forever, sangue e morango, em meio a um insight criativo de um artista. Imagino Paul e Ringo assistindo cada minuto do filme, agonia e êxtase em cada frame, enquanto suas obras são dissecadas, adaptadas e apresentadas à nova geração.
O grande problema de Across the Universe talvez seja o outro lado dessa moeda. Se podemos considerar que trazer as consagradas músicas dos Beatles seja sua maior virtude, ao mesmo tempo é seu maior problema. Explico, em musicais, as canções devem servir à história e não o contrário, isto é, a história não deve seguir seu rumo em função das canções executadas, de forma que em alguns momentos, podemos enxergar Across the Universe como uma colagem de muitos clipes e não uma história fluida e orgânica, como acontece por exemplo em Tommy do The Who ou Pink Floyd - The Wall.
Porém, no final das contas, o filme é emocionante e satisfaz como um pequeno mergulho em um passado, que nem todos vivemos, mas mesmo assim nos traz uma sensação gostosa de coisas marcantes estavam acontecendo, enquanto a juventude buscava seus ideais de paz e amor.

Algumas curiosidades bacanas:
  • Houve realmente um show dos Beatles em um terraço, que foi reprimido por policiais, em Londres;
  • Prudence entrando pela janela é uma referência a uma música dos Beatles;
  • O ônibus pintado do Dr. Robert é uma referência ao álbum Magical Mystery Tour;
  • Jude e Lucy na cena embaixo d'água, fazem a pose famosa da foto de John Lennon e Yoko Ono.

sábado, 15 de março de 2008

A Redenção de Jin

Lost S04E07 - Ji Yeon
(alerta de spoilers para quem não assistiu ainda)

O último episódio de Lost foi centrado no casal Jin e Sun. Nunca fui muito fã das histórias do casal coreano, mas confesso que este último me pegou de jeito, foi muito emocionante e trouxe um truque narrativo que admito, me enganou direitinho.
Neste episódio tivemos três tramas. A primeira, na ilha, mostrou o conflito entre Sun e Juliet, pois a coreana não confia (com bons motivos) em Juliet e decide se mudar para a turma do Locke. Juliet, de maneira desprezível, apelou para obrigar Sun a ficar, contando a Jin sobre o caso que ela teve antes de chegar na ilha. A decepção marcada no olhar de Jin, a reflexão após a pesca com Bernard e por fim, o momento mais tocante da história do Mr. Kwon, quando ele demonstra seus sentimentos e afirma que seus erros do passado foram determinantes para o erro de Sun, mas que agora ele mudou para ser o homem que Sun sempre quis. O momento de perdão mútuo, um amor que cobre os pecados e a redenção de um homem. Grandes momentos que chegam ao clímax, quando ele dissipa as dúvidas sobre a paternidade de seu filho.
Enquanto isso, no cargueiro, Desmond e Sayid recebem um bilhete - "Não Confiem no Capitão" - testemunham a "loucura" de Regina, pulando nas águas para morrer e encontram, finalmente, o capitão, com quem travam uma conversa intrigante: Charles Widmore é o chefe (como Ben já havia dito), eles não conseguem retroceder o cargueiro porque o motor foi sabotado, a cena forjada dos destroços do Oceanic 815 e os corpos dos passageiros foram obra de Benjamin Linus. Uau! Afinal de contas, podemos confiar ou não? Por fim, eles conhecem Kevin Johnson, ou melhor, Michael Dawson, que como já era de se suspeitar, é o infiltrados do Ben.
No futuro, Sun é uma Oceanic Six e está em trabalho de parto. Já era de se esperar, afinal para ela sair da ilha era a única maneira de salvar a vida dela. Jin também é e está em uma loja comprando um panda para presentear a filha. Certo? Não, numa narrativa muito bem construída, confesso que caí na armadilha que foi montada. A grande sacada do episódio foi misturar os conceitos já conhecidos de flashback e flashforward, induzindo o espectador a "montar" a história errada. Sun realmente está no futuro, fora da ilha e dando a luz à filha, mas a trama de Jin é pré-ilha. Ele não está presente. Pelo contrário, Jin está morto, como vemos na última cena, quando Sun e Hurley visitam seu túmulo.

Algumas reflexões:
  • Meu vacilo em não perceber que se tratava de um flashback de Jin também se deu em razão da conversa de Jin e Bernard, durante a pescaria. Bernard fala para Jin que o motivo de ter pego um peixe foi o karma, se você faz coisas boas, elas voltam para você, se fizer coisas ruins, elas também voltarão (ecos de My Name Is Earl?). Pois bem, quando tudo começou a dar errado para Jin, depois de comprar o panda, pensei que o Jin do futuro havia se separado de Sun e o karma estava aprontando pra cima de Jin (não que eu creia nisso), mas acabei me dando conta do engano mais tarde.
  • Capitão Gault está falando a verdade? Podemos confiar nele? Afinal de contas, se Kevin "Michael" Johnson está do lado de Ben, então fica difícil. Por outro lado, Charles Widmore não é alguém que inspire muito confiança também.
  • Regina é mais uma afetada pela "doença". Como podemos determinar quem está propenso à "doença da viagem no tempo"e quem não está? Por que alguns membros parecem imunes? Será que o mesmo aconteceu com os amigos de Rosseau? E então por que não afetou ela também?
  • Como Michael virou aliado de Ben? Será que ele veio para ajudar os outros losties? Será que há um paralelo entre Michael e o Sayid do futuro?
  • A pergunta que não quer calar: Jin está morto? Bom, já vi em vários sites o still do túmulo de Jin e é verdade que a data da morte é exatamente a data do acidente do Oceanic 815. Portanto, fica a questão: ele morreu ou está vivo na ilha? Bom, pela reação de Sun e Hurley, creio que Jin está morto mesmo. Agora, em que circunstâncias isso aconteceu, é outro detalhe.
  • Quem é o último Oceanic Six? Aaron ainda estava em gestação, então conta? O corpo de Jin pode ter vindo junto com os seis, conta? Acho que não. Então, vamos esperar os próximos.

sábado, 8 de março de 2008

A Crueldade Humana


Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country for Old Men, USA 2007)

Uma mala cheia de dinheiro encontrada em uma cena de crime, provavelmente um tiroteio em uma negociação de drogas e Llewelyn Moss (Josh Brolin) entra na mira de um dos assassinos mais cruéis já vistos no cinema, Anton Chigurh (Javier Bardem).
O novo filme dos irmãos Coen é um western moderno, com uma violência lamentavelmente crua e real, que nos conduz ao desespero de enxergar a vilania humana, que nos acompanha diariamente em páginas de jornais.
A ganância de Llewelyn é a força motriz da história, à medida que tudo ao seu redor começa a entrar em xeque, culminando em arriscar a vida de sua esposa, sogra e principalmente, a sua própria. Percebemos que Moss não é uma má pessoa, mas pelo fato de encarar a mala de dinheiro como sua última tábua de salvação, ou a galinha dos ovos de ouro, vemos que ele não desistirá fácil e levará seu plano até as últimas conseqüências.
O problema é que o dinheiro interessa um certo Anton Chigurh, um assassino frio, cruel, amoral e completamente insano. Javier Bardem foi uma unanimidade na temporada de premiações e em poucos segundos em tela já percebemos que o personagem que criou nasce clássico, entrando no rol de vilões memoráveis do cinema, ao lado de Hannibal Lecter, Norman Bates, Keyser Söze e outros. Dá arrepios a forma como ele anda, como ele olha para as pessoas e quando ele fala, você deseja que ele nunca cruze seu caminho.
Seguindo os passos dos dois antagonistas, temos Tommy Lee Jones como o policial Ed Tom Bell, que nos dá sempre a impressão de estar cansado desse ofício, desiludido por saber que o mal se alastra e não há esperanças de um dia ter fim. Mas Ed sabe que Llewelyn Moss é um bom sujeito, apenas o homem errado na hora errada, por isso parece disposto a defender o cidadão. Porém, a cada cenário da guerra travada entre os dois, o policial vai caindo o semblante e reforçando sua desmotivação em perseguir o bem.
Filmado com maestria, Onde os Fracos Não Tem Vez não é um filme fácil de digerir e não será o tipo de filme que arrebata as multidões nas salas de cinema, mas é um filme forte, que gera impacto ao mostrar uma violência, que não é cinematográfica apenas, mas encarna o mal que nos cerca e os absurdos que nos chocam todos os dias, ou como é triste constatar, já nos entorpeceram e brutalizaram nossos sentidos, de forma que já não esboçamos mais o repúdio que deveríamos.
Por outro lado, é um filme que deixa o final aberto, não entrega mensagens fáceis e não cumpre qualquer tipo de redenção para os personagens, o que pode aborrecer a muitos, Mas é justamente aí que os irmãos Coen atingem a perfeição, pois com um final feliz ou arredondado, o filme não causaria o soco no estômago que precisamos receber quando vemos um enredo como esse.

Cenas e falas:
  • Anton Chigurh manda o dono do posto escolher cara e coroa na moeda, o que certamente pode significar vida ou morte, quando proposto por um animal como Chigurh. "Eu preciso saber o que está em jogo" - "Tudo", responde Chigurh.
  • O reflexo de Anton Chigurh na televisão de Moss, depois é repetido com Ed Tom Bell, mostrando inteligentemente as pegadas sendo seguidas.
  • O confronto entre Chigurh e a esposa de Moss, que tenta apelar para o mínimo de humanidade, que sinceramente duvidamos que Chigurh tenha.
  • Outra rima visual: Moss compra a camisa de um traseunte e depois Chigurh faz o mesmo com a criança.
  • Llewelyn Moss - Se eu não voltar, diga para minha mãe que eu a amo.
  • Carla Moss - Sua mãe está morta!
  • Llewelyn - Então deixa que eu mesmo digo.
  • Carson Wells (Woody Harrelson) - Me ligue quando não agüentar mais. Eu até deixo você ficar com um pouco do dinheiro.
  • Llewelyn Moss - Se eu estivesse a fim de um acordo, por que eu não iria eu mesmo fazer um com o Chigurh?
  • Wells - Não, você não entende. Você não pode fazer um acordo com ele. Mesmo que você desse o dinheiro pra ele, ainda assim ele o mataria. Ele é um homem peculiar. Você até poderia dizer que ele tem princípios, mas princípios que transcendem dinheiro e drogas. Ele não é como você. Nào é como eu.
  • Moss - Ele não fala tanto quanto você. Eu dou pontos por isso.
  • Anton Chigurh - E você sabe o que vai acontecer agora. Tem que admitir a situação. Seria mais digno para você.
  • Carson Wells - Vai pro inferno.
  • Chigurh - Deixa eu te perguntar uma coisa. Se a regra que você seguiu, te levou até aqui, de que adiantou essa regra?
  • Wells - Você tem idéia de como você é louco?
  • Chigurh - Você se refere à natureza dessa conversa?
  • Wells - Não, eu me refiro à natureza da sua pessoa.
  • Ed Tom Bell - Na semana passada encontraram esse casal na Califórnia. Eles alugaram um quarto de uns idosos. Mataram e enterraram no quintal. Tiraram o dinheiro deles da seguridade social. Bem, primeiro torturaram eles, não sei porque. Talvez a tevelisão estivesse quebrada.
  • Eu me tornei xerife nesse condado quando fiz 25 anos. Difícil acreditar. Meu avô foi xerife, meu pai também. Eu e meu pai chegamos a ser xerifes ao mesmo tempo. Acho que ele tinha orgulho disso. Eu sei que eu tinha. Alguns xerifes antigos nunca andavam armados. Muita gente acha difícil de acreditar. Eu sempre gostei de ouvir sobre os velhos tempos.
    Você nunca consegue evitar fazer comparações entre seu tempo e o passado. Um tempo atrás, houve um garoto que foi morto na cadeira elétrica. Eu prendi e testemunhei. Ele matou uma garota de 14 anos. Me disseram que foi crime passional, mas ele mesmo me disse que não havia paixão nenhuma. Ele me disse que planejava matá-la desde sempre. Disse que se o soltassem, faria de novo. Disse que sabia que iria para o inferno. Eu não sei o que fazer disso. Simplesmente não sei. O crime do jeito que voce vê agora, é até difícil de medir. Não é que eu tenha medo. Eu sempre soube que você tem que estar querendo morrer para ao menos fazer esse serviço. Mas, eu não quero encontrar algo que não entendo. Um homem precisa colocar sua alma em risco. Ele deve dizer: "Ok. Eu farei parte desse mundo!"
  • Ed Tom Bell - E então eu acordei.

A Outra

O sexto episódio da quarta temporada de Lost foi centrado em Juliet, com o nome de The Other Woman. A história girou do passado de Juliet em flashbacks, enquanto no presente Jack e Juliet tentavam alcançar Faraday e Charlotte que saíram furtivamente em direção a uma nova escotilha chamada The Tempest e Ben faz mais de seus jogos mentais com Locke para o convencer a deixá-lo livre.
Este episódio pode até empalidecer diante do último, The Constant, pois nada pode ser comparado com um episódio tão bom, com reviravoltas no tempo e revelações empolgantes. Porém, convém pensar moderamente sobre os fatos de The Other Woman. Eu lembrava que Juliet e Goodwin tinham um affair, mas sinceramente não imaginava que ela era a "outra" da relação. Na verdade, nunca me importei muito com esse aspecto da história e todo o desenvolvimento do flashback de Juliet seguiu para revelar uma única coisa: Ben acha que Juliet é dele. E foi o único momento marcante nesse flashback, pois a maneira que Ben afirmou isso, chegou a dar medo de tanta obstinação no seu olhar. Enquanto isso, a história de Faraday e Charlotte na nova escotilha foi importante apenas de uma forma pragmática para termos conhecimento que havia esse lugar que fornece energia para toda a ilha e que um gás poderia ser liberado para exterminar toda a população do local. Entretanto, deixaram uma pulguinha na nossa orelha ao vermos que mesmo cativo, Ben ainda consegue obter informações e manipular quem ele quer.
Na verdade, os melhores momentos do episódio foram as cenas de Ben e Locke. Benjamin Linus sabe como mexer com o Locke e questionando a liderança dele, conseguiu realmente prender sua atenção. Aliás, ganhou a nossa atenção também revelando o que nós já suspeitávamos: Charles Widmore está por trás do cargueiro e fará tudo o ques estiver ao seu alcance para desvendar o mistério por trás da ilha. E Ben fará tudo, tudo mesmo para proteger a sua amada ilha.

Alguns pontos e reflexões:
  • Juliet gosta de ser a "outra". É exatamente esse papel que ela exerce entre Jack e Kate. Aliás, não consigo engolir Jack com Juliet. Esse relacionamento soa falso, como se Jack quisesse só causar ciuminho.
  • Não seria mais fácil se Faraday e Charlotte explicasse para Jack o que eles queriam ao invés de simplesmente fugir. Poderiam inclusive ganhar a confiança do doutor se fossem mais transparentes.
  • Juliet diz para Jack: "Não queira estar perto de mim se Ben quiser fazer guerra por minha causa". Pois aí fica a questão: O que é mais perigoso? Ben protegendo Juliet ou a ilha?
  • Como é que Ben obtém a informação sobre o destino de Faraday e Charlotte e ainda manda uma mensageira ao encontro de Juliet? Esses suspiros da ilha parecem que estão bem nos ouvidos dele.
  • Locke oferece coelho para Ben comer e ele pergunta se havia um número nele. Muito boa essa! (lembre do episódio com Sawyer e o coelho).
  • Muito legal a cena final. Hurley derrotando Sawyer em mais um jogo e os dois ficando de queixo caído ao ver Ben caminhando livremente. "Vejo vocês no jantar".

sexta-feira, 7 de março de 2008

E Tudo Começou com uma Cadeira

Um dos filmes mais comentados nessa estação de premiações, foi Juno (Idem, USA 2007), do diretor Jason Reitman. O filme conta a história de uma adolescente, cujo nome dá título ao filme, que engravida de seu colega de classe super nerd. Sem condições psicológicas para criar a criança e depois de cogitar o aborto por um tempo, Juno responde um anúncio de um jovem casal que não pode ter filhos, decidindo entregar o bebê tão logo ele nasça.
O charme do filme reside em muito nos atores escolhidos. Ellen Page, embora já tenha 21 anos, encarna muito bem a personagem-título. Juno pode ser descolada, conhecer e gostar de músicas mais velhas que ela e até mesmo ser capaz de tiradas geniais, mas fica claro que não passa de uma adolescente confusa, imatura e até mesmo assustada com o fato de o mundo dos adultos ter invadido seu ambiente peculiar, seu habitát natural. O sucesso do filme depende totalmente da composição de Juno, e Ellen não decepciona, já na primeira parte do filme já nos identificamos com ela e conforme a história segue, desejamos tê-la como amiga e nos preocupamos com sua jornada.
Michael Cera faz o jovem nerd que "contribuiu" com a gravidez. Já na primeira cena, com seu uniforme de corrida, percebemos tudo. Ele é um daqueles colegas de classe inteligentes, mas inseguros, tímidos e atrapalhados com o sexo oposto. Cera é habilidoso em demonstrar um garoto normal, que se vê perdido diante de um problema que Juno até mesmo o impede de lidar, e acaba perdendo a amizade da pessoa que o compreendia.
Jennifer Garner e Jason Bateman são o casal adotante. A dinâmica entre eles e Juno é excelente. Garner é a estéril que sonha loucamente em ser mãe, enquanto Bateman é o ex-músico que deixou seus sonhos para trás para acompanhar o de sua esposa. A chegada de Juno, ao mesmo tempo que satisfaz os sonhos da esposa, arremessa o marido em um turbilhão de pensamentos, sentimentos e sensações que estavam adormecidos.
Finalmente, outro grande fator no filme Juno é o seu roteiro, agora vencedor do Oscar. Diablo Cody acerta em diálogos deliciosos de ouvir e alguns personagens cativantes, embora claramente outros sejam lamentavelmente simplórios.
O ponto alto acaba sendo o pai de Juno, interpretado po J. K. Simmons, mais conhecido como o chefe de Peter Parker. Apesar de passar o filme todo um tanto indiferente com a experiência mais importante da vida de sua filha, quando finalmente é abordado por ela, mostra uma sabedoria respeitável, colocando paz no coração de Juno e demonstrando a simplicidade da beleza da vida, possibilitando que ela assimile o que aquela situação pode lhe ensinar e dando o seu primeiro passo para a maturidade.

Algumas falas memoráveis do filme:
  • Jennifer Garner: "Seus pais devem estar preocupados sem saber onde você está".
  • Ellen Page: "Que nada! Digo, eu já estou grávida. Então que outras enrascadas eu poderia me meter?"
  • Jennifer Garner: "E então? Como vai ser?"
  • Ellen Page: "Como assim? Eu vou ter o bebê e entrego para você..."
  • Advogada: "Ela quer negociar uma adoção aberta com você"
  • Ellen Page: Não, não! Espere... Não podemos fazer isso, tipo, velha escola. Tipo, eu coloco o menino Moisés na cestinha e mando pra você."
  • Jason Bateman: "Tecnicamente estaríamos kicking it Old Testament" (só faz sentido em inglês)
  • Ellen Page: "Eu acho que... estou apaixonada por você"
  • Michael Cera: "Como assim? Como amigos?
  • Ellen Page: "Não, de verdade. Porque você é, tipo, a pessoa mais legal que eu conheço e nem precisa se esforçar"
  • Michael Cera: "Na verdade, eu me esforço bastante"

sábado, 1 de março de 2008

Lost S04E05 - The Constant

Um dos melhores episódios da história de Lost. Tão excepcional quanto o último episódio centrado em Desmond, Flash Before Your Eyes, na Terceira Temporada.
Este episódio mostrou que a diferença de tempo na ilha não é significativa. Porém, a exposição à radiação e à descarga eletromagnética pode levar a saltos no tempo. Mas não é uma viagem no tempo, como estamos acostumados a ver em outras histórias. É como se apenas a consciência da pessoa viajasse no tempo, conforme explica o Dr. Faraday. No final das contas, Desmond precisava de uma constante, isto é, algo que fosse relevante para ele tanto no passado quanto no presente. Evidente que a constante de Desmond é Penny Widmore e o telefonema para ela foi uma cena muito emocionante. Foi episódio que me empolgou bastante, quase não consegui dormir pensando no que vem por aí. Tenho que repetir a frase já dita por Pablo Vilaça e Carlos Alexandre Monteiro: "Tenho orgulho de ser fã de Lost!"

Alguns pontos e reflexões:
  • Finalmente Jeremy Davies bilhou no seriado. Sempre achei ele perfeito para interpretar esquisitões, como nos filmes O Hotel de Um Milhão de Dólares, Helter Skelter e O Sobrevivente;
  • Daniel Faraday deve ter tido experiências de viagens no tempo. Por isso, ele fazia aquele exercício com as cartas junto com Charlotte, no último episódio. Talvez por isso o Faraday do futuro não se lembrou de já ter conhecido Desmond, enquanto Penny lembrou da conversa que teve no passado, ou seja, a ilha pode ter afetado a memória de Faraday. Além disso, ele tem o diário para não esquecer o passado, principalmente o que lemos por último: " Desmond é minha constante";
  • Minkowski diz: "Vocês devem ter um amigo no barco". Frank Lapidus? Ou será o informante de Ben?
  • Charles Widmore comprando o diário do Black Rock? Caramba! O que será que tem nesse diário? Por que Widmore se interessa nele? Será que Widmore está por trás do cargueiro? E o que sempre me intrigou: Charles Widmore tem alguma relação com a Dharma Initiative? Seria ele contra ou a favor?
  • Eu já havia lido no Lostpedia que o capitão do Black Rock era um antepassado de Alvar Hanso, mas esse nome Tovar Hanso é novo;
  • Estranha a tempestade que o helicóptero enfrenta para chegar no cargueiro. Seria a passagem da ilha para outra dimensão?
  • Muitos detalhes curiosos podem ser lidos no blog Dude! We Are Lost. O que mais gostei foi a respeito da coordenada 305 para sair da ilha, o que coincide com o versículo João 3:05 inscrito no cajado de Mr. Eko;
  • Muitas referências sobre os números por todo o episódio;
  • Uma coisa que pensei em episódios anteriores. Charlotte Staple Lewis é uma referência ao escritor C. S. Lewis, autor das Crônicas de Narnia. Como em Lost nenhuma referência é gratuita, será que podemos pensar em passagens para outro mundo, como o guarda-roupa que dava passagem para Narnia, em O Leão, a Feiticeira e o Guard-roupa?;
  • Teoria da terra oca. Eu achei fantástico essa teoria que li no blog Lost in Lost, do Carlos Alexandre Monteiro.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Os Filmes de 2008

A Revista SET sempre faz um ótimo preview na edição de janeiro de cada ano. Pois a seleção de 2008 já está disponível na Internet. Alguns títulos já nos deixam ansiosos.

http://www.setonline.com.br/revista/247/

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

E a corrida do Oscar 2009 já começou

Especulações fazem parte do jogo e é divertido olhar pra frente e tentar antecipar os filmes que serão os espetáculos de amanhã. Ainda é cedo e às vezes as expectativas não se confirmam.

Dois links sobre o assunto:
http://andthewinneris.blog.com/

http://www.incontention.com/2008/02/looking_ahead_the_2008_yearina.html#more

Eu particularmente torço por Blindness, próximo filme do Fernando Meirelles, com Mark Ruffalo, Julianna Moore, Danny Glover, Gael Garcia Bernal no elenco. Nesse link, você pode ler o blog da produção: http://blogdeblindness.blogspot.com/

Outros filmes que me movem:
  • The Curious Case of Benjamin Button, de David Fincher. Com Brad Pitt, Cate Blanchett e Tilda Swinton;
  • Doubt, de John Patrick Shanley. Com Philip Seymor Hoffman, Amy Adams e Meryl Streep;
  • Guerrilla/The Argentine, de Steven Soderbergh. Com Benicio Del Toro.
  • Revolutionary Road, de Sam Mendes. Com Leonardo Di Caprio, Kate Winslet e Kathy Bates;
  • The Soloist, de Joe Wright. Com Jamie Foxx, Robert Downey Jr. e Catherine Keener.
  • Synedoche, New York, de Charlie Kauffman. Com Philip Seymor Hoffman, Catherine Keener, Emily Watson, Hope Davis, Michelle Williams;
  • The Time Traveller's Wife, de Robert Schwenke. Com Eric Bana e Rachel McAdams;
  • Body of Lies, de Ridley Scott. Com Leonardo Di Caprio e Russell Crowe;
  • Valkyrie, de Bryan Singer. Com Tom Cruise, Kenneth Branagh;
  • The International, de Tom Twyker. Com Clive Owen e Naomi Watts.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lost 4a. Temporada


Até bem pouco tempo atrás eu não acompanhava nenhuma série de TV. Sempre achei complicado seguir a grade de programação dos canais. Mas de um ano pra cá, seguindo o conselho de alguns amigos, comecei a assistir várias séries, como Lost, Heroes, Dexter, The Office, My Name Is Earl, Pushing Daisies. Dentre todas elas, a minha preferida seria exatamente Lost.
Se na Primeira Temporada, o atrativo maior era saber o que se passava com esses sobreviventes em uma ilha misteriosa, da Segunda em diante somos apresentados a uma completa nova mitologia, um universo criado em torno de grandes corporações, fenômenos sobrenaturais, números, mistérios tão bem delineados que conquistaram uma legião de fãs, dos quais eu me orgulho hoje de fazer parte. A série equilibra como poucas o suspense, a ação com o desenvolvimento de personagens, todos com um arco dramático importante, comédia, romance, drama e principalmente, uma narrativa pós-moderna que nos faz move dentro do tempo e do espaço.
Além disso, é pioneira em explorar tudo o que é tipo de mídia, como jogos de realidade alternativa, episódios para celular, podcasts, tudo para instigar ainda mais os fãs.
Pois a Quarta Temporada está magnífica em seus quatro primeiros episódios. Os flashforwards nos intrigam e nos remetem a um novo jogo de quebra-cabeça, ligar os pontos dos acontecimentos dos presente para o futuro, tal qual filmes como Amnésia, 21 Gramas e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças.
Muitos reclamam que Lost é um emaranhado de perguntas sem nenhuma resposta. Mas a graça é justamente você ir digerindo as pistas, encaixando os fatos, montando o quebra-cabeça, debatendo com os amigos. É um exercício fascinante. Não sei se vamos encontrar todas as respostas mastigadinhas, com um desfecho didático ou uma reconstrução ponto a ponto. A trama sempre nos levou a pensar e eu espero que assim permaneça até o final da sexta temporada.
Quanto a mim, já estou ansioso pelo quinto capítulo no final desta semana.

Ranking Final 2008

Melhor Filme:
1. Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country for Old Men) - 324
2. Sangue Negro (There Will Be Blood) - 203
3. Desejo e Reparação (Atonement) - 173
4. O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon) - 145
5. Juno - 134
6. Conduta de Risco (Michael Clayton) - 128
7. Ratatouille - 89
8. Piaf (La Môme) - 88
9. Sweeney Todd - 71
10. Longe Dela (Away from Her) - 70
11. O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum) - 65
12. O Assassinato de Jesse James... - 52

Melhor Direção:
1. Ethan e Joel Coen (Onde os Fracos Não Tem Vez) - 123
2. Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta) - 66
3. P. T. Anderson (Sangue Negro) - 46
4. Tony Gilroy (Conduta de Risco) - 20
5. Sarah Polley (Longe Dela) - 19
6. Joe Wright (Desejo e Reparação) - 18
7. Tim Burton (Sweeney Todd) - 17
7. Jason Reitman (Juno) - 17
9. Ben Affleck (Medo da Verdade) - 16
10. David Fincher (Zodíaco) - 10

Melhor Ator:
1. Daniel Day-Lewis (Sangue Negro) - 119
2. George Clooney (Conduta de Risco) - 61
3. Viggo Mortensen (Senhores do Crime) - 49
4. Johnny Depp (Sweeney Todd) - 24
5. Frank Langella (Starting Out in the Evening) - 22
6. Ryan Gosling (Lars and the Real Girl) - 21
7. Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem) - 18
8. Tommy Lee Jones (No Vale das Sombras) - 16
9. Philip Seymour Hoffman (Família Savage) - 15
10. James McAvoy (Desejo e Reparação) - 14

Melhor Ator Coadjuvante:
1. Javier Bardem (Onde os Fracos Não Tem Vez) - 120
2. Casey Affleck (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford) - 60
3. Tom Wilkinson (Conduta de Risco) - 44
4. Philip Seymour Hoffman (Jogos do Poder) - 34
5. Hal Holbrook (Na Natureza Selvagem) - 29
6. Tommy Lee Jones (Onde os Fracos Não Tem Vez) - 10
6. Chiwetel Ejiofor (Talk to Me) - 10
8. Vlad Ivanov (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias) - 8
9. Michael Cera (Juno) - 7
10. John Travolta (Hairspray) - 5

Melhor Atriz:
1. Julie Christie (Longe Dela) - 113
2. Marion Cotillard (Piaf) - 81
3. Ellen Page (Juno) - 73
4. Angelina Jolie (A Mighty Heart) - 43
5. Cate Blanchett (Elizabeth: The Golden Age) - 29
6. Laura Linney (Família Savage) - 22
7. Keira Knightley (Desejo e Reparação) - 16
8. Nikki Blonsky (Hairspray) - 15
9. Anamaria Marinca (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias) - 12
10. Amy Adams (Encantada) - 11

Melhor Atriz Coadjuvante:
1. Amy Ryan (Medo da Verdade) - 88
2. Cate Blanchett (Não Estou Lá) - 77
3. Tilda Swinton (Conduta de Risco) - 63
4. Soirse Ronan (Desejo e Reparação) - 42
5. Ruby Dee (O Gangster) - 22
6. Kelly MacDonald (Onde os Fracos Não Tem Vez) - 13
7. Catherine Keener (Na Natureza Selvagem) - 9
7. Samantha Morton (Control) - 9
9. Vanessa Redgrave (Desejo e Reparação) - 8
10. Jennifer Jason-Leigh (Margot at the Wedding) - 7

Melhor Roteiro:
1. Ethan e Joel Coen (Onde os Fracos Não Tem Vez) - 99
1. Diablo Cody (Juno ) - 99
3. Ronald Harwood (O Escafandro e a Borboleta) -54
4. Tamara Jenkins (Família Savage) - 41
5. Christopher Hampton (Desejo e Reparação) - 35
6. P. T. Anderson (Sangue Negro) - 34
7. Tony Gilroy (Conduta de Risco) - 32
8. Brad Bird (Ratatouille) - 30
9. Nancy Oliver (Lars and the Real Girl) -29
10. James Vanderbilt (Zodíaco) - 22
10. Sarah Polley (Longe Dela) -22

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Resultados do Oscar

Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country for Old Men) confirmou a maioria das previsões e foi o grande vencedor, mas não de forma esmagadora, 4 Oscar's, sendo três para os Coen (roteiro, direção e filme), um para Javier Bardem (Ator Coadjuvante). Scott Rudin também ganhou como produtor do Melhor Filme.
Outras observações:
  • O Ultimato Bourne saiu como vice-campeão, 3 Oscar's. Ninguém previa isso. Mas foi muito legal ver este filmaço de ação ganhar Som, Ediçáo de Som e Edição.
  • Daniel Day-Lewis e Javier Bardem eram unanimidades e foram confirmados. Já na categoria de atriz, Marion Cotillard derrotou a favorita Julie Christie e foi muito bonito o seu discurso. Só ela, Sophia Loren e Roberto Beningni já venceram o Oscar em língua não-inglesa. E para atriz coadjuvante deu Tilda Swinton, como eu esperava, embora houvesse palpites por conta de Cate Blanchett, Amy Ryan ou Ruby Dee.
  • Os prêmios de atuação foram completamente europeus: um irlandês, uma francesa, um espanhol e uma inglesa.
  • Roger Deakins dividiu votos na categoria de Fotografia e o Oscar ficou com Robert Elswit, de Sangue "Negro.
  • Brad Renfro e Roy Scheider ficaram de fora na edição do In Memoriam. Qual o motivo? Esqueceram? Que mico hein.
  • Irmãos Coen - já haviam vencido o Oscar de Melhor Roteiro Original em 1997, por Fargo.
  • Daniel Day-Lewis - já havia vencido o Oscar de Melhor Ator em 1990, por Meu Pé Esquerdo.
Melhores Momentos:
  • Helen Mirren entregando o Oscar para Daniel Day-Lewis como se estivesse condecorando-o como Sir.
  • Jon Stewart dando a oportunidade para a compositora de Melhor Canção terminar seu agradecimento.
  • Javier Bardem em espanhol dedicando o Oscar a mãe e a Espanha.
  • Marion Cotillard: "Estou sem fala. Obrigado, vida. Obrigado, amor".
  • Jon Stewart e sua brincadeira com Angelina Jolie e sua mania de adotar crianças.
  • Jon Stewart: "A Vanity Fair cancelou sua festa em respeito aos roteirista. No próximo ano, seria ainda melhor se eles convidassem os roteiristas para a festa".

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Palpites e Torcida Parte 2

Continuando os chutes do Oscar

Melhor Animação
Palpite: Ratatouille
Torcida: Ratatouille
Comentários: Não há o que dizer. É da Pixar e pronto.

Melhor Filme Estrangeiro
Palpite: The Counterfeiters
Torcida: Nenhum
Comentários: Sem filme brasileiro não tem torcida. Ainda mais que não vi nenhum dos concorrentes.

Melhor Fotografia
Palpite: No Country for Old Men
Torcida: The Assassination of Jesse James
Comentários: Roger Deakins concorre com os dois filmes, mas não dá pra esquecer a beleza do filme de Jesse James. Com todo o hype a favor do filme dos irmãos Coen, pelo menos Deakins não sairá de mãos vazias.

Melhor Montagem
Palpite: No Country for Old Men
Torcida: No Country ou O Ultimato Bourne
Comentários: Quem ganha Melhor Filme geralmente ganha Melhor Edição.

Melhor Maquiagem
Palpite: Piaf
Torcida: Piaf
Comentários: Norbit é do mestre Rick Baker, mas o filme é tão ruim que não merece essa honra.

Melhor Figurino
Palpite: Elizabeth: The Golden Age
Torcida:

Melhor Direção de Arte
Palpite: There Will Be Blood
Torcida: There Will Be Blood
Comentários: Ainda não vi o filme, mas pelo trailer fiquei encantado.

Melhor Trilha Sonora
Palpite: Atonement
Torcida: Ratatouille
Comentários: Talvez o prêmio de consolação para Atonement, ou o reconhecimento de Michael Giacchino por Ratatoille, que é um novo compositor em ascensão.

Melhor Canção
Palpite: Once
Torcida: Nenhum
Comentários: Com o Eddie Veder de fora fiquei de má vontade com essa categoria. A tripla indicação de Encantada vai dividir seus votos.

Melhor Efeito Visual
Palpite: Transformers
Torcida: Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
Comentários: Uma categoria extremamente técnica, sem condições de analisar profundamente. Resta torcer.

Melhor Som
Palpite: No Country for Old Men
Torcida: Nenhum
Comentários: Prêmio técnico por excelência. Como saber o parâmetro usado? Resta torcer.

Melhor Efeito Sonoro
Palpite: Transformers
Torcida: nenhum
Comentários: A mesma coisa.

Para as outras categorias, eu passo. Não vi nada de documentário ou curta.

A Premiação acontece esse domingo 24/02 e será exibida pelo TNT e Globo (mas você já sabe que o BBB vai tomar todo o início do show).

Palpites e Torcida

Ainda não vi a maioria dos filmes que concorrem a estatueta, mas vou me arriscar, pelo simples prazer de palpitar.

Filmes que não vi: Sangue Negro (There Will Be Blood), Desejo e Reparação (Atonement), O Escafandro e a Borboleta (The Diving Bell and the Butterfly), Piaf (La Môme), Longe Dela (Away from Her)

Melhor Filme
Palpite: Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country for Old Men)
Torcida: Ainda não vi Sangue Negro (There Will Be Blood), mas sou fã do P. T. Anderson e vou torcer por ele.
Comentários: No Country for Old Men levou quase tudo, por isso qualquer outro resultado seria uma surpresa. Mas é um filme violento, então nunca se sabe. Mas vamos lembrar que O Silêncio dos Inocentes ganhou tudo em 92. Tem gente apostanto em Juno, levando em conta o mesmo fator que levou Shakespeare Apaixonado a vencer O Resgate do Soldado Ryan. Com a ressalva de que Juno é bem melhor que Shakespeare Apaixonado.

MelhorDiretor
Palpite: Ethan e Joel Coen
Torcida: PT Anderson
Comentários: Essa é segura, qualquer resultado é zebra.

Melhor Ator
Palpite: Daniel Day-Lewis
Torcida: Daniel Day-Lewis
Comentários: Até o principal concorrente, George Clooney afirmou que o prêmio devia ser para Daniel.

Melhor Atriz
Palpite: Julie Christie
Torcida: Ellen Page
Comentários: Marion Cotillard tem muitas chances também e Ellen Page pode surpreender, mas Julie Christie é uma atriz na velha escola que está de volta, com uma atuação marcante. Acho difícil ir contra isso. Mas seria maravilhoso se a Ellen Page ganhasse. Ela está muito bem nesse papel.

Melhor Ator Coadjuvante
Palpite: Javier Bardem
Torcida: Javier Bardem
Comentários: O espanhol tá com tudo. Uma das certezas do ano. Além disso, está entrando para a galeria dos vilões memoráveis.

Melhor Atriz Coadjuvante
Palpite: Tilda Swinton
Torcida: Cate Blanchett ou Tilda Swinton.
Comentários: Fiquei bem dividido nessa categoria porque Amy Ryan também está espetacular. Cate Blanchett como Bob Dylan é difícil de derrotar, mas acredito que este deva ser o prêmio de consolação para o filme Conduta de Risco (Michael Clayton) não sair de mãos abanando e convenhamos, Tilda Swinton está também fascinante neste filme.

Melhor Roteiro Adaptado:
Palpite: Ethan e Joel Coen
Torcida: PT Anderson (ele bem que podia ganhar alguma coisa, hein)
Comentários: PT Anderson vai ficar de mãos abanando e os irmãos Coen vão ganhar 3 Oscars. Será que a Academia não vai dar nadinha pra ele? Vale lembrar também o insight que a Anne Thompson da Variety teve, chutando Ronald Harwood (O Escafandro e a Borboleta) como vencedor. Ele já tem um (O Pianista) e acho que vai ficar apenas nisto mesmo.

Melhor Roteiro Original
Palpite: Diablo Cody
Torcida: Tony Gilroy
Comentários: A briga vai ficar entre os dois, com mais probabilidade de ir para Diablo Cody, por Juno.

Amanhã, vou dar palpites nas outras categorias que são mais difíceis.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Jesse James

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, USA 2007) é um filme lindíssimo. A fotografia é perfeita e tem alguns frames que bem poderiam ser emoldurados, enquanto outros trazem imagens borradas e/ou desfocadas, sempre funcionando a favor da narrativa.
Jesse James, personagem de Brad Pitt é uma espécie de pop star da época. Apesar de ser um assaltante, ele é elevado ao posto de quase um Robin Hood americano, com historinhas publicadas para empolgar crianças. A sua morte tem uma repercussão muito grande nos EUA da época e ainda hoje, ele é lembrado como uma verdadeira lenda. Mas não se pode deixar enganar por esta imagem. Jesse James, apesar do carisma, era um verdadeiro criminoso, capaz até mesmo de matar seus companheiros com frieza, se assim julgasse necessário. Mas ainda assim, um bom homem de família. Um vilão/herói com muitas camadas, como os bons filmes pós-modernos podem retratar. E Brad Pitt se sai muito bem, neste western pós-moderno, que se distancia um pouco dos "bang-bang" do passado e investe no estudo de personagens e nas paisagens, ao invés de tiroteios e ruelas empoeiradas, saloons animados ou duelos mortais.
Mas a atuação de destaque é de Casey Affleck, como o covarde Robert Ford, em uma atuação indicada ao Oscar. Ford é nada mais que um jovem fã, que deseja estar perto do seu ídolo, mas aos poucos vai se decepcionando ao perceber que a imagem de herói está apenas construída em sua mente, enquanto é desprezado e humilhado diversas vezes por Jesse James. É interessante perceber como Casey Affleck convence como um garoto deslumbrado. Se não soubéssemos que este filme é do mesmo ano que Medo da Verdade (Gone Baby Gone), com certeza julgaríamos que Affleck estrelou neste há uns 5 anos atrás.
Um filme de grande qualidade, um ótimo representante da nova onda dos westerns em Hollywood, que conta ainda com Três Enterros (The Three Burials of Melquiades Estrada), Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country for Old Men) e Os Indomáveis (3:10 to Yuma).