sexta-feira, 7 de março de 2008

E Tudo Começou com uma Cadeira

Um dos filmes mais comentados nessa estação de premiações, foi Juno (Idem, USA 2007), do diretor Jason Reitman. O filme conta a história de uma adolescente, cujo nome dá título ao filme, que engravida de seu colega de classe super nerd. Sem condições psicológicas para criar a criança e depois de cogitar o aborto por um tempo, Juno responde um anúncio de um jovem casal que não pode ter filhos, decidindo entregar o bebê tão logo ele nasça.
O charme do filme reside em muito nos atores escolhidos. Ellen Page, embora já tenha 21 anos, encarna muito bem a personagem-título. Juno pode ser descolada, conhecer e gostar de músicas mais velhas que ela e até mesmo ser capaz de tiradas geniais, mas fica claro que não passa de uma adolescente confusa, imatura e até mesmo assustada com o fato de o mundo dos adultos ter invadido seu ambiente peculiar, seu habitát natural. O sucesso do filme depende totalmente da composição de Juno, e Ellen não decepciona, já na primeira parte do filme já nos identificamos com ela e conforme a história segue, desejamos tê-la como amiga e nos preocupamos com sua jornada.
Michael Cera faz o jovem nerd que "contribuiu" com a gravidez. Já na primeira cena, com seu uniforme de corrida, percebemos tudo. Ele é um daqueles colegas de classe inteligentes, mas inseguros, tímidos e atrapalhados com o sexo oposto. Cera é habilidoso em demonstrar um garoto normal, que se vê perdido diante de um problema que Juno até mesmo o impede de lidar, e acaba perdendo a amizade da pessoa que o compreendia.
Jennifer Garner e Jason Bateman são o casal adotante. A dinâmica entre eles e Juno é excelente. Garner é a estéril que sonha loucamente em ser mãe, enquanto Bateman é o ex-músico que deixou seus sonhos para trás para acompanhar o de sua esposa. A chegada de Juno, ao mesmo tempo que satisfaz os sonhos da esposa, arremessa o marido em um turbilhão de pensamentos, sentimentos e sensações que estavam adormecidos.
Finalmente, outro grande fator no filme Juno é o seu roteiro, agora vencedor do Oscar. Diablo Cody acerta em diálogos deliciosos de ouvir e alguns personagens cativantes, embora claramente outros sejam lamentavelmente simplórios.
O ponto alto acaba sendo o pai de Juno, interpretado po J. K. Simmons, mais conhecido como o chefe de Peter Parker. Apesar de passar o filme todo um tanto indiferente com a experiência mais importante da vida de sua filha, quando finalmente é abordado por ela, mostra uma sabedoria respeitável, colocando paz no coração de Juno e demonstrando a simplicidade da beleza da vida, possibilitando que ela assimile o que aquela situação pode lhe ensinar e dando o seu primeiro passo para a maturidade.

Algumas falas memoráveis do filme:
  • Jennifer Garner: "Seus pais devem estar preocupados sem saber onde você está".
  • Ellen Page: "Que nada! Digo, eu já estou grávida. Então que outras enrascadas eu poderia me meter?"
  • Jennifer Garner: "E então? Como vai ser?"
  • Ellen Page: "Como assim? Eu vou ter o bebê e entrego para você..."
  • Advogada: "Ela quer negociar uma adoção aberta com você"
  • Ellen Page: Não, não! Espere... Não podemos fazer isso, tipo, velha escola. Tipo, eu coloco o menino Moisés na cestinha e mando pra você."
  • Jason Bateman: "Tecnicamente estaríamos kicking it Old Testament" (só faz sentido em inglês)
  • Ellen Page: "Eu acho que... estou apaixonada por você"
  • Michael Cera: "Como assim? Como amigos?
  • Ellen Page: "Não, de verdade. Porque você é, tipo, a pessoa mais legal que eu conheço e nem precisa se esforçar"
  • Michael Cera: "Na verdade, eu me esforço bastante"

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente esse filme é muito bacana, principalmente pela realidade em que vivemos, minha unica ressalva é quanto a briga entre a fase adolescente e a adulta, acho que depois de toda essa experiência ela ainda não parece ter aprendido nada no final, ou seja, a fase adolescente se sobressai e vence. Acho que ela poderia ter sofrido e crescido um pouco mais no decorrer do filme.